domingo, 15 de fevereiro de 2009

Tema: Carne

Ao gosto de Augusto

Nunca antes se falara de Augusto, que tanto poderia ser João ou José, dada a simplicidade que expressava. Nunca antes se falara dele, que era um segredo meu. Tanto era Augusto, João ou José como Maria, Crisitna ou Isabela, ele assumi a forma que quisesse. Talvez por isso nunca antes se falara, diretamente, nele. Pois ele estava contido em todos os outros. Era eu, a minha pele e a minha carne. Era vermelho, doce, morango. Morder-lhe a carne macilenta e sentir o gosto docimente ácido do morango maduro. Vermelho. Augusto era vermelho como a carne daquele morango. E quantas carnes Augusto tinha! Fortes, algumas impenetráveis, outras macias. Nunca antes se falara do vermelho sangue de Augusto, nunca antes se falara de sua carne. Augusto tinha o toque macio, fazia-me arrepiar os pelos do pescoço, tinha um olhar sereno que me acalmava, mas era tão somente tocar as minhas carnes que o desespero me possuía. O desespero suculento que saia de minhas carnes com apenas um toque de Augusto. As minhas carnes nas carnes de Augusto, que tanto podia ser Henrique, Luciano, Bruna ou Carolina.
Pois nunca antes se falara dele.

Lorena Borges

3 comentários:

Anônimo disse...

é seu?

Lor3na disse...

é meu :)

Leozoide disse...

mas olha que blog massa eu achei xP